A polícia registrou uma morte, porém não se sabe quem é o possível autor do crime ou as circunstâncias desse óbito. Não há pistas suficientes para elucidar o caso. Entre 2011 e 2012, o número de crimes envolvendo esse cenário de dúvidas para os investigadores aumentou consideravelmente, cerca de 169,6%. As mortes não esclarecidas chegaram a 89, no Rio Grande do Norte, no ano de 2011. No ano passado as estatísticas chegaram à marca de 240. Essas e outras informações estão em meio às mais de 130 páginas do 7º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado na manhã de ontem no Fórum homônimo, em São Paulo.

Contudo, quanto a essas mortes sem esclarecimento, não se tem um dado mais preciso porque alguns estados não divulgaram seus números, como Pará, Paraná e São Paulo. Isso dificulta o levantamento da pesquisa e é um detalhe que faz com que a  confiabilidade das estatísticas gerais seja posta em xeque. O RN mesmo tem uma "alta qualidade [nos dados registrados], mas não alimenta o Sinespjc [Sistema Nacional de Estatísticas em Segurança Pública e Justiça Criminal] adequadamente”. Ou seja: a Sesed consegue coletar bem as informações estatísticas, porém, não as repassa como deveria, o que deixa em dúvida a veracidade de alguns dados.

Segundo esse mesmo estudo, que se baseia nas informações contidas no Sinespjc, que por sua vez é alimentado pelas secretarias estaduais de segurança pública do Brasil, o número total de homicídios de uma maneira geral também aumentou no mesmo intervalo de tempo, no RN. A marca saltou de 901 para 957. O detalhe é que muitas dessas mortes têm como vítimas, policiais. Quem segue essa carreira tem três vezes mais chances de perder a vida do que teria se fosse um "cidadão comum”.

Dados que vão além do estudo divulgado ontem, ainda dão conta de que neste ano o número de homicídios é bem maior do que as 957 mortes de 2012. A reportagem se baseia nos dados apresentados pelo setor de estatística do Instituto Técnico-científico de Polícia (Itep), da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesed). Em matéria publicada em 8 de outubro pela TN, os homicídios chegavam a 1.084 neste ano, marca que, sem dúvida, já foi ultrapassada e já está acima de 1.100 casos.

O fato é que destes crimes, muitos ainda estão por esclarecer. É o caso do assassinato registrado ontem pela manhã , na Rua Rio Doce, que corta o Loteamento José Sarney, localizado na Zona Norte de Natal. O local foi palco de um homicídio que teve como vítima Melquisedec de Oliveira Pires, de 34 anos. Ele era detento do Complexo Penal João Chaves e estava cumprindo o regime semiaberto, por assalto.

A vítima deixava a unidade prisional por volta das 5h10 e se dirigia para casa, no Conjunto Cidade Praia. Porém, logo após entrar no seu Corsa de cor prata, Melquisedec foi surpreendido por bandidos, que efetuaram três disparos no seu tórax. O homem morreu no local antes de receber atendimento médico. O detalhe é que Melquisedec estava com um revólver calibre 38. A arma, no entanto, não chegou a ser utilizada durante a ação e ainda não há a confirmação se ela pertencia à vítima.

O que se sabe é que o detento estava marcado para morrer. "Foi uma execução mesmo. Com três tiros assim como foi, não é assalto, é execução”, disse o soldado Souza Júnior, do 4º Batalhão da Polícia Militar, que esteve no local do crime. Até ontem, ninguém havia sido preso e a polícia ainda não tinha informações concretas que pudessem levar aos suspeitos de cometer o crime.

Índices de estupros e latrocínios caem no Estado

Foram 50.617 casos de estupro registrados em todo o país, em 2012, um aumento de 18% em relação ao ano anterior. Porém, no Rio Grande do Norte, o número caiu de 404 notificados em 2011, para 319 em 2012 – queda de 21%.

Uma diminuição nos índices também foi identificada quanto ao número de latrocínios. No RN, segundo o Anuário do FBSP, 17 casos foram confirmados em 2011, contra nove no ano passado. Também vai de encontro ao notado no cenário nacional, quando os casos subiram de 1.544 para 1.810.