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Comerciantes já lucram com a Copa


Andrielle Mendes - repórter

A Copa começa daqui a seis meses, mas já tem empresário lucrando mais com o Mundial, no Rio Grande do Norte. A proximidade do evento fez vários potiguares correrem para os bancos e deixarem boa parte do dinheiro que tomaram emprestado em lojas de material de construção, de equipamentos industriais, e até de implementos agrícolas. Só no Banco do Nordeste (BNB), o valor emprestado para o setor do turismo saltou de R$ 6,7 milhões, em 2012, para R$ 80 milhões, em 2013 - um aumento superior a 1.000%. Boa parte deste recurso, observa o banco, foi investido na reforma e construção de hotéis, pousadas, bares e restaurantes na cidade.
João Maria AlvesGrupo Sterbom está investindo R$ 8 milhões em suas unidades de sorvetes, polpa de frutas e água mineral para atender demandaGrupo Sterbom está investindo R$ 8 milhões em suas unidades de sorvetes, polpa de frutas e água mineral para atender demanda

Bom para as fábricas e lojas de material de construção, que receberam R$ 5,2 milhões só de um empresário no Estado. O valor foi pago pelo hoteleiro George Gosson que vai inaugurar um hotel a poucos metros do estádio Arena das Dunas até a Copa, o Holiday In Arena das Dunas. O empreendimento já está na fase de acabamentos e emprega hoje 250 pessoas. Ao todo, o empresário está investindo R$ 35 milhões. Quinze por cento desse total, em média, está sendo gasto só com material de construção.

O empresário Tales Rosado é outro que investiu apostando no Mundial. Ele é dono de quatro unidades do Subway e abriu uma pizzaria na cidade há poucas semanas - a Domino’s Pizza Delivery. O empresário espera abrir uma outra, também perto do estádio Arena das Dunas, a poucas semanas da Copa. Está investindo, em média, R$ 650 mil em cada unidade e pagando R$ 200 mil só em material de construção. A expectativa, segundo ele, é dobrar as vendas durante a Copa. O investimento foi acelerado, de olho no Mundial.

Segundo o Banco do Nordeste (BNB), comércio e serviços são os setores que mais têm buscado recursos para a Copa. Isso não significa, entretanto, que outros segmentos também não tenham buscado crédito.

O agricultor José Damásio Pereira Gomes, 39, por exemplo, pegou R$ 120 mil emprestado no banco e e garantiu a irrigação de sua plantação. De olho na Copa, plantou 600 coqueiros. Problemas envolvendo a instalação dos equipamentos e a falta de água na região, no entanto, atrapalharam os planos do produtor e impediram que ele vendesse água de coco para os turistas estrangeiros durante os jogos.


Antônio Leite é industrial e também está investindo há dois anos para aproveitar a demanda gerada pela Copa, com a vinda das seleções e torcedores estrangeiros. Antônio está aplicando R$ 8 milhões nas fábricas de sorvetes, picolés, polpa de frutas e água mineral do grupo. Parte desse dinheiro, afirma ele, está indo direto para fábricas de caixas de papelão e embalagens plásticas locais.

"Nosso consumo de caixas de papelão e embalagens vai subir entre 30% e 40%. Com a ampliação das fábricas, nossa produção de sorvetes subirá 75% e a de picolés subirá 125%, sem contar com a produção de polpa de frutas e a de água mineral, que subirá 242,8% até a Copa”, afirma Antônio, proprietário da Sterbom. Todo esse esforço faz sentido. Antônio espera, durante o Mundial, conquistar clientes estrangeiros, e assim, entrar em novos mercados. "Vários estrangeiros já nos procuraram para fechar parcerias”, observou.

A busca por crédito, segundo os bancos, ainda não cessou. A expectativa é que o volume emprestado suba ainda mais no ano da Copa. "Eu mesmo vou continuar investindo, para atender a demanda que será cada vez mais crescente”, corrobora Antônio.

Bancos

A exemplo do Banco do Nordeste, a  Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil também esperam olucrar com a realização da Copa do Mundo da Fifa, que vai atrair milhões de turistas para as cidades-sede, entre elas Natal, que está concluindo um novo estádio de futebol, mais moderno e com melhor potendial de uso.  No Banco do Brasil, a expectativa é emprestar até 30% mais do que foi emprestado em 2012. A Caixa Econômica não divulgou suas expectativas.

O interesse das empresas locais em modernizar e aprimorar seus produtos e serviços tende a aumentar à medida que o evento esportivo se aproxima, observa o banco. "É por isso que em 2014 esperamos uma procura ainda maior pelos setores ligados ao evento”, afirma a superintendência do Banco do Brasil no RN.

O Banco do Nordeste partilha da mesma opinião. "Além dos investimentos – operações de prazo mais longo -, também esperamos um aumento na procura pelas linhas de capital de giro, pois os empresários precisarão estocar mercadorias e insumos diversos para atender a crescente demanda do período”, afirma Thiago Dantas e Silva, superintendente do BNB no RN em exercício.
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