Geofísicos do Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN) visitaram ontem o município de Pedra Preta, interior do Rio Grande do Norte, situado a 149 quilômetros de Natal, para instalar um equipamento de transmissão de dados online, via telefone celular, para monitorar as ocorrências de tremores na região, em tempo real. Há registros de mais de 160 abalos apenas neste ano no local, decorrentes da reativação de uma falha geológica situada na borda da bacia potiguar.

A instalação da estação de Pedra Preta permitirá que os dados sejam enviados em tempo real para as equipes de monitoramento. De acordo com o professor Joaquim Ferreira, que coordena o LabSis/UFRN, a atividade na região teve início em 2010 e não há como prever se ela deverá aumentar ou diminuir.

"Antes de 2010, ninguém tinha notícia de atividade em Pedra Preta. A estação de Pedra Preta fica a seis quilômetros do epicentro do tremor, enquanto que a de Riachuelo [atualmente utilizada] fica a 46 quilômetros. Com a estação de Pedra Preta, poderemos saber o nível da atividade de maneira mais real”, explicou Joaquim Ferreira. Há outras estações no Estado, em municípios como Pedro Velho, João Câmara e Pau dos Ferros.

Para o geofísico Aderson Nascimento, vice-coordenador do Laboratório de Sismologia da UFRN, o sistema de Pedra Preta tem relação com falhas geológicas da borda da bacia potiguar.

"Muitas dessas bacias, como é o caso da bacia potiguar, alteram as forças do interior da crosta terrestre e uma das explicações para isso é que, se a falha estiver pronta para ser reativada, ela é reativada. O que está acontecendo é que chega um momento que, com a pressão do interior da terra, as rochas não suportam mais a pressão, acumulam energia numa certa hora e de uma vez só liberam essa energia muito rapidamente”, informou o geofísico.

Um novo tremor de terra foi registrado nesta quarta-feira (30) pelo LabSis. De acordo com o LabSis, o tremor teve magnitude de 2.2 na escala Richter e

ocorreu às 14h59. Este foi o primeiro evento de magnitude acima de 2.0 registrado em tempo real pela estação de Cabeço Preto, que recebeu o equipamento de transmissão de dados online localizada próximo ao epicentro do tremor.

Segundo Joaquim Ferreira, o evento é cíclico. Somente no final de semana foram contabilizados 114 tremores, sendo a maioria de baixa intensidade, e 41 foram registrados na terça-feira (29). Desde a sexta-feira passada a região vem registrando tremores.

A atual fase é considerada como de alta atividade e teve início com um tremor de 3.7 graus na escala Richter, sucedido por um segundo de 3.3 graus e outros quatro de magnitudes distintas, abaixo dos 2.5 graus.