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7:43 PM
Oito cidades na iminência de colapso


Oito cidades potiguares estão na iminência de entrar em situação de colapso no abastecimento de água, segundo a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern). Caso as chuvas que estão caindo no interior não modifiquem o quadro dos mananciais, a empresa poderá deixar de abastecer a maioria desses municípios, localizados no Seridó e no Alto Oeste, em até 40 dias. Atualmente, 21 cidades do Estado estão em situação de colapso. Ao todo, 146 cidades potiguares e mil comunidades rurais estão em estado de emergência.

CedidaPau dos Ferros: com manancial de água reduzido a pouco mais de 5%, a cidade já passa por racionamento, segundo moradoresPau dos Ferros: com manancial de água reduzido a pouco mais de 5%, a cidade já passa por racionamento, segundo moradores

As oito cidades são: Pau dos Ferros, Rafael Fernandes, Tenente Ananias, Serrinha dos Pintos, Riacho de Santana, no Alto Oeste; e Cruzeta, Jardim do Seridó e Ouro Branco, no Seridó. Segundo o diretor técnico da Caern, Ricardo Varela, Pau dos Ferros poderá entrar em colapso até abril, assim como a cidade de Rafael Fernandes. Ambas são abastecidas pelo mesmo açude.

O cálculo da companhia é feito com base no volume de água disponível e a média de consumo da população. A previsão pode variar para baixo ou para cima. Segundo ele, é possível que o colapso seja anunciado bem antes, caso a água perca a qualidade e fique imprópria para o consumo humano. "A qualidade da água é analisada a cada 15 dias. Se na próxima medição, ela estiver imprópria, nós já cortamos o abastecimento”, explica.

Somente Pau dos Ferros  tem quase 30 mil habitantes. A água consumida atualmente já é causa de reclamação dos moradores, por causa do forte odor. Segundo o empresário Francisco Leudione de Freitas, a cidade passa por racionamento. Uma manifestação da população ocorreu no último fim de semana. "A gente tem que comprar água mineral para beber e cozinhar, e água de poço, que é mais barata, para usar nas outras coisas da casa”, explica. 


A família de Leudione, que tem quatro pessoas, consome dois galões de água mineral por semana, além de outros cinco de água de poço, que duram quase duas semanas. Desde a última semana, a cidade tem registrado  chuvas, principalmente à noite. "Eu acho que ainda é muito pouco. São chuvas de 40 milímetros, mas já dá esperança”, diz.

Um dos casos mais graves é o de Jardim do Seridó, na regional de Caicó. De acordo com dados da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte, o açude de Passagem de Traíras está praticamente vazio, com apenas 0,14%. A cidade poderá entrar em colapso já no fim deste mês.

De acordo com João Eudes, chefe de gabinete da Prefeitura de Jardim do Seridó, técnicos da Caern foram ao município para procurar outra fonte de abastecimento. "Temos água no Tatururé (povoado da cidade), mas a água tem alto índice de ferro. De qualquer forma, o Exército já esteve aqui fazendo o levantamento dos principais pontos, como hospitais e escolas e garantiu a água”, coloca.

Audiência
Vários setores e órgãos participarão de uma audiência pública, convocada pela Câmara Municipal, para discutir a situação. Hoje, as comunidades da zona rural do município já são abastecidas pelo Exército. "A água vem de Vera Cruz. Porque os açudes do Seridó já estão praticamente todos secos ou impróprios”, declarou o chefe de gabinete.

Das cidades listadas (ver infográfico), a única que não tem um prazo exato para que o sistema entre em colaspo é Ouro Branco. Segundo informações do gerente regional de Caicó, o volume dos poços está baixando muito rápido e o nível da água já baixou dois metros. Algumas ruas da cidade já passaram por desabastecimento. Em Cruzeta, também no Seridó, a expectativa é de que o abastecimento seja interrompido dentro de 40 dias. Dependendo da próxima análise, ele o prazo pode se estender por mais 30 dias.

Segundo a Caern, essas previsões podem mudar conforme o volume de chuvas que cair sobre o solo potiguar nos próximos dias. Porém o diretor não soube dizer quanto seria necessário para que os mananciais voltassem a abastecer as regiões de forma normal.
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