O juiz de Execuções Penais das comarcas de Natal e Nísia Floresta,
Henrique Baltazar, confirma o que o último relatório do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), divulgado na última sexta-feira, relatou: no
Rio Grande do Norte, a situação não é nada boa quando o assunto é
sistema carcerário. "O governo pouco investe na área. Pela Constituição
estadual, todas as comarcas devem ter cadeias públicas, mas aqui, poucas
são as que tem”, comenta o magistrado, que fez parte da coordenação do
relatório representando o Tribunal de Justiça.
Magnus NascimentoJuiz Henrique Baltazar: "A assistência ao preso é praticamente inexistente”
As
unidades prisionais do RN descumprem ditames legais e não atendem a
quesitos mínimos relacionados à estrutura física, condições de higiene e
superlotação, além da assistência ao preso que "praticamente
inexistente”. É o que, mais uma vez, revela o relatório deste ano do
Mutirão Carcerário, que classifica como "grave” a situação do sistema
prisional do Estado.
Mesmo assim, com o atual cenário, Baltazar
acredita que há como reverter esse quadro. Uma das alternativas é a
construção de mais unidades para desafogar a superlotação. A Secretaria
de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc) já anunciou que fará
exatamente isso. Segundo a pasta, estão sendo disponibilizados R$ 32,8
milhões para a construção de duas unidades com capacidade para 600
presos cada, em Ceará-mirim e Mossoró.
Segundo Baltazar, destes valores, cerca de R$24 mi, do Ministério da Justiça, já estariam assegurados, e pouco mais de R$ 8 milhões, sendo viabilizados pelo próprio Estado. A previsão é que o até o final deste ano seja feita a licitação das obras, de acordo com o que o juiz afirma ter lhe sido passado pela Sejuc.
Além disso, há um repasse de R$ 6 milhões, também do Governo Federal, para a reforma de presídios e construção de outros. Ao todo, segundo o juiz, o Estado promete acrescentar 480 novas vagas no sistema prisional só com esses recursos. A expectativa é a construção de unidades em Pau dos Ferros, Parelhas, reforma e ampliação em Caicó, e mais duas alas no Complexo Penal João Chaves, e mais uma unidade separada para o regime semiaberto. "Com esses novos presídios, que espera-se que as obras comecem até novembro, já seria um começo”, afirmou.
Para Baltazar, o problema carcerário potiguar vem de muito tempo. Para ele, foi agravado por volta de 2008, quando foram "oficializadas” as transferências de detentos para as delegacias – como Baltazar chama: "xadrez”. Ele diz que o último grande investimento foi feito há 15 anos, quando foram construídos o Presídio Estadual de Alcaçuz, dentre outras unidades.
A construção de novas unidades, segundo Baltazar, atinge diretamente outro ponto que agrava os problemas do sistema penal potiguar: o quadro de pessoal. Atualmente são cerca de 900 agentes penitenciários atuando no Estado. Mais presídios significa a contratação de mais funcionários.
Segundo Baltazar, destes valores, cerca de R$24 mi, do Ministério da Justiça, já estariam assegurados, e pouco mais de R$ 8 milhões, sendo viabilizados pelo próprio Estado. A previsão é que o até o final deste ano seja feita a licitação das obras, de acordo com o que o juiz afirma ter lhe sido passado pela Sejuc.
Além disso, há um repasse de R$ 6 milhões, também do Governo Federal, para a reforma de presídios e construção de outros. Ao todo, segundo o juiz, o Estado promete acrescentar 480 novas vagas no sistema prisional só com esses recursos. A expectativa é a construção de unidades em Pau dos Ferros, Parelhas, reforma e ampliação em Caicó, e mais duas alas no Complexo Penal João Chaves, e mais uma unidade separada para o regime semiaberto. "Com esses novos presídios, que espera-se que as obras comecem até novembro, já seria um começo”, afirmou.
Para Baltazar, o problema carcerário potiguar vem de muito tempo. Para ele, foi agravado por volta de 2008, quando foram "oficializadas” as transferências de detentos para as delegacias – como Baltazar chama: "xadrez”. Ele diz que o último grande investimento foi feito há 15 anos, quando foram construídos o Presídio Estadual de Alcaçuz, dentre outras unidades.
A construção de novas unidades, segundo Baltazar, atinge diretamente outro ponto que agrava os problemas do sistema penal potiguar: o quadro de pessoal. Atualmente são cerca de 900 agentes penitenciários atuando no Estado. Mais presídios significa a contratação de mais funcionários.
Magnus NascimentoUnidades prisionais não atendem aos requisitos exigidos
"Será
necessário aumentar a quantidade de agentes e vamos pedir isso ao
Governo, mas ainda estamos estudando quantas novas vagas. Na estimativa
de hoje, o ideal seria acrescentar o quadro em 400 servidores”, avaliou o
magistrado.
Sem espaço
A falta de efetivo gera mais um problema. Não há gente suficiente para levar os apenados para as audiências judiciais. O resultado disso é que os juizes estão sendo obrigados a soltar esses presos. Henrique Baltazar confirma, apesar de não fornecer dados estatísticos sobre a questão.
"É um problema que todas as varas criminais do estado enfrentam atualmente”, destaca. De acordo com ele, o Grupo de Escolta Penal, da Sejuc, não tem pessoal suficiente para cobrir todo o RN. São 30 agentes e cinco viaturas em todo o território potiguar. A Grande Natal e parte da capital são as mais afetadas por esse problema.
"A Zona Norte, Extremoz, Macaíba e São Gonçalo do Amarante são as comarcas que recebo mais reclamação”, relata. Sem o comparecimento nas audiências, os magistrados são obrigados a efetuarem a soltura desses presos, pois a lei não permite manter esses homens detidos sem julgamento.
Sem espaço
A falta de efetivo gera mais um problema. Não há gente suficiente para levar os apenados para as audiências judiciais. O resultado disso é que os juizes estão sendo obrigados a soltar esses presos. Henrique Baltazar confirma, apesar de não fornecer dados estatísticos sobre a questão.
"É um problema que todas as varas criminais do estado enfrentam atualmente”, destaca. De acordo com ele, o Grupo de Escolta Penal, da Sejuc, não tem pessoal suficiente para cobrir todo o RN. São 30 agentes e cinco viaturas em todo o território potiguar. A Grande Natal e parte da capital são as mais afetadas por esse problema.
"A Zona Norte, Extremoz, Macaíba e São Gonçalo do Amarante são as comarcas que recebo mais reclamação”, relata. Sem o comparecimento nas audiências, os magistrados são obrigados a efetuarem a soltura desses presos, pois a lei não permite manter esses homens detidos sem julgamento.